domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal - parte 1

foi legal. Como em todas as vésperas, visitei a casa de alguns vizinhos/parentes, abracei a minha enquanto ela chorava por sabe-Deus-o quê, comi mais que o necessário e cochilei no sofá suando e babando muito. Mas antes disso, na parte das visitas, fui à casa de uma família muito amiga da minha. Eu cheguei alegre e cantando, mas quando parei diante da porta da sala e vi a carinha da Diana, eu lembrei que o Natal pode ser também uma data bastante dolorosa. Ela logo veio se acolhendo nos meus braços. Eu sentia as lágrimas quentes deslizando sobre seu rosto e molhando meu ombro. Ela me apertava. Eu sabia que ela queria gritar, expulsar aquela dor que ainda ardia, fazer com que os dias que foram vividos certa vez não a tivessem levado àquela noite. "Que abraço gostoso" disse e surgiu um leve sorriso. Ela é realmente bonita. Quando eu olho para a Diana, eu vejo mais que uma pele clara, cabelos lisos e longos e um sorrisinho bobo e debochado. Eu consigo enxergar naquela menina a mansidão e o silêncio de sua tia Carmem - falecida em abril, vítima de um câncer muito doloroso - tinha. A Di tem a manha e a esperteza que a Carmem esbanjava. Eu sinto que ela terá uma vida semelhante a da tia. A Diana não vai passar a vida lavando cueca de marmanjo nenhum, não! Ela vai é ganhar o mundo, assim como a tia fez antes de ter que guardá-lo em sua mente. Doeu em mim também. O primeiro Natal sem a mulher que fazia de qualquer bobeira uma enorme festa.
A Patrícia, sua irmã mais velha, é a que era mais apegada à Carmem. Foi a Patrícia quem esteve de pé, firme, positiva, dando a mão à qualquer um que desabasse frente às dificuldades da doença. É engraçado. O Giuseppe e eu comentamos sempre que ela é muito inocente, e é mesmo. Mas por de trás de uma carinha indefesa, inexperiente e, até mesmo ignorante - não usando o lado ruim da palavra -, ela foi a pessoa que melhor enfrentou - e enfrenta até hoje - tudo aquilo. Nela, eu vejo o lado briguento, teimoso e forte da Carmem. Pessoalmente, sei - e acho que sou uma dos poucos que sabem - que ela, por estar tão próxima, sendo o arrimo de todos, sofreu como ninguém. Sofreu calada, disfarçada. Chorando em silêncio para que ninguém se preocupasse com sua dor. Houve, também, vezes que eu doei o pouco de sobriedade que me resta para dar-lhe espaço de ser a sobrinha que sofre e que chore. A menina cansada de ser heroína, ansiando por um colo e palavras tranquilizantes. Poucas vezes, claro. Eu a admiro por isso. Eu não conseguiria ser assim. E então, naquela noite, ela, mais uma vez, deixou-se cair. "Chore". O que mais se pode dizer? Mas foi tão curto. Passou tão rápido. Veio a distração - verdadeira ou falsa? Não sei - e secou suas lágrimas. Eu deixei então que ela acreditasse que poderia vestir sua máscara outra vez. Se a faz bem... que vista-a.

Um comentário:

  1. Nossa amiga ate eu me emocionei realmente temos que amar as pessoas como se nao houvesse amanha...

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Déh