domingo, 24 de outubro de 2010

Ainda sobre catapora

A minha auto-estima ficou arrasada. Mesmo o Giuseppe estando do meu lado, me dizendo que tudo ia acabar bem e que, caso ficasse uma manchinha, nós iriamos ao dermato, eu fiquei muito mal.
Só Deus sabe o apresso (se escreve assim?) que eu tenho pela minha pele. Ela é branquinha, lisa e nos dias de sol eu fico rosadinha. Nunca me achei maravilhosamente deslumbrante - nem dana que se aproximasse -, mas sempre gostei muito da minha pele.
Todas as vezes que me olho no espelho meu coração dói.

E eu sei que as coisas não serão mais como antes, porque eu sei que eu não vou resistir e vou ficar o tempo todo passando a mão nas casquinhas até que uma saia, porque elas me dão nos nervos! E isso me deixa com raiva de mim mesma.

Ontem, o meu último sonho foi assim: eu estava no meu quarto, sentada na cadeira em frente a minha penteadeira. Eu me olhava no espelho e contemplava meu rosto liso novamente, com apenas duas ou três bolinhas minúsculas. Meu cabelo estava preso em um coque suave e minha franja caia sobre o lado direito da testa. Fiquei tão feliz naquele sonho. Fiquei feliz porque poderia sair, sem vergonha das marcas nem medo que o sol piorasse ainda mais a situação. E então eu acordei. Droga.

Particularmente, nunca fui muito fã dos sonhos. E os acho injusto, mas isso é papo para um outro post.
Como dizia, quando acordei, sabia que tudo não tinha passado de um sonho, mas eu queria tanto acordar e ver que as marcas vermelhas e casquinhas de pequenos machucadinhos já estavam indo embora.
Fiquei deitada por mais um tempo e depois levante, passando direto pelo espelho, sem olhá-lo.

Você pode dar risada, tudo bem. Só não sinta pena de mim. Não me importo que achem minha história idiota, me importo que me vejam como coitada - o que não é o objetivo. 
Essa só é a minha história. A história dos dias em que sofri por causa da beleza, ou da falta dela.
A gente vive dizendo que beleza não é tudo, e não é. Mas ela é importante, porque é a primeira coisa que qualquer um pode ver. Inclusive você mesmo.

Quando me olho no espelho, eu não vejo uma garota legal, com talentos e qualidades. Eu vejo a "casca" da Jéssica. Vejo a capa do livro e meço se excito a pessoa a ler - no bom sentido da palavra. E agora, eu sei que eu sofro porque eu tô me vendo como nunca pensei que fosse ver. Só quem me viu entende - exceto o Giuseppe, que vai me chamar de exagerada toda vida -, bom, entender, não entende, não. Compreender, talvez. Mas entender, entender, eu acho impossível.

Impossível porque sou eu. Impossível porque meu rosto esta escondido debaixo de marquinhas e meu corpo submerso em pequenos vulcões. E o pior disso é que eu sinto nojo. Nojo de mim mesma.

Eu sei que isso vai acabar. Graças a Deus. 
Eu sei que posso parecer fútil e talvez eu seja. Mas essa é uma parte de mim. Uma parte vaidosa, que chora ao se ver como um monstrinho. Que sofre ao ter que vestir roupas feias porque as outras machucam. Que sofrem ao não poder lavar o cabelo, porque a cabeça tem bolinhas que dóem se encostadas. Por que não pode passar um grama de maquiagem na pele. Por ter que permitir que outras pessoas a vejam assim! Por fazer o namorado ter que ficar em casa com ela. Por não poder sair, ver o pôr-do-sol no horário de verão. Por não poder trabalhar. Por não poder abarçar ninguém...

Queria dormir pro tempo passar mais rápido.

Um comentário:

  1. Tive catapora a duas semanas atras, tambem nojo de olhar no espelho. Não aguentava mais tanta febre, tanta caceira, tanto remédio. Que doencinha desgraçada, nos deixa mal e feios.

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Déh