segunda-feira, 25 de julho de 2011

#Como ter um sábado premiado

Fazendo pose pra mamãe

 O celular toca. Minha mãe avisa que está pegando o ônibus e pede que eu a encontre no ponto para ajudá-la com umas sacolinhas de compras, pois devido a tendinite, não pode pegar peso.
Paro de varrer o quarto da minha vó que está passando uns dias na casa da minha tia em Caxias e me preparo para sair. Visto uma bermuda jens, um casaco de moletom, solto o cabelo, pego a bicicleta do meu irmão e vou para a rua.

O ponto de ônibus não é tão distante. Saio da minha rua e sigo por uma outra bem estreita. No final dessa ruela, existe uma pequena rampa, então pego impulso para não precisar descer da bike para subí-la. Nesse pequeno esforço, quando estou no meio da subida, a corrente da bicicleta sai. A força que eu fazia, fez com que minha perna direita pedalasse pra baixo, impulsionando a esquerda para cima, que encontrou em cheio o ferro do quadro da bicicleta. Ai!!

Perdi as forças, cai pro lado, me apoiando na parede, choramingando de dor. Opa! Um pequeno corte. Ai, que dor! Meu joelho ficou vermelho e, em seguida, roxo. Dor, dor, dor, dor! Gritei quando estiquei a perna e chorei quando tentei pisar no chão. 

"Okay, pessoas, podem apenas olhar meu sofrimento! Continuem passando, bebendo cerveja na birosca. Tô aqui pra divertí-los". Uma senhorinha passou e comentou: "caiu, minha filha?" e foi andando, como se pouco importasse a resposta. "Ah, vai pra porra! Não caí, não, mas meu joelho tá doendo muito!". Tá, só pensei. Me contive em dizer apenas que bati forte o joelho. Nem sei se ouviu; como disse, ela saiu andando.

Caramba e agora? Não posso deixar minha mãe com aquelas sacolas lá! Meu irmão tá com o pé bichado e não pode sair de casa. "Te vira, Jéssica". Subi urrando de dor na bicicleta e quase caí de novo. "tonta, saiu a corrente, lembra?". Sujei minhas lindas unhas (que tinham visitado a manicure no dia anterior) com a graxa da corrente - porque, obviamente, todos os cavalheiros estavam extremamente ocupados bebendo e me observando - e fui pedalando meio que numa perna só. 

Quando cheguei, minha mãe já estava me esperando. Contei pra ela o que tinha acontecido e abri o berreiro! Incrível como minha mãe tem o poder de me fazer soltar choro reprimido. Mãe, né? Um dia eu entendo.

Ela foi pra casa levar as compras - e a bicicleta - enquanto eu permaneci no ponto de ônibus chorando de dor, descabelada, com dedos sujos de graxa, casaco roubado do meu irmão e puta com o universo, que cagou e andou pro meu momento de dificuldade.
Até que um estranho de bicicleta para bem na minha frente e pergunta se eu queria ajuda pra ir pra casa, pois tinha visto que eu havia machucado o pé. Deve ter sido quando encontrei com minha mãe e fui mancando até o ponto do outro lado da rua. Rapidamente o observei e senti que ele estava sendo sincero, mas também não pude deixar de notar que a bicicletinha laranja dele não teria como me carregar. Ainda assim sorri muito verdadeiramente e agradeci, explicando-lhe que minha mãe havia ido em casa para buscar meu cartão do plano de saúde e me levaria até o hospital.

"Tá bom, universo, essa valeu"


Minha mãe queria ligar para meu primo me levar de carro, mas eu achei besteira. Não queria nem que ela fosse comigo. Bastava apenas que me trouxesse minha bolsa e tava tudo certo. Isso ela já não concordou.

Vou pular a parte em que paguei a língua e sofri para 1) subir no ônibus, 2) descer e 3) andar do ponto até o hospital. Vamos ignorar também a pequena demora na recepção e meu incômodo obssessivo de hospitais. 

Logo fui atendida por um médico moreno gatíssimo bem jovem que me fez chorar quando esticou minha perna e apertou meu joelho. Fiquei muito feliz quando vi que havia uma pia no consultório dele, onde, muitíssimo alegremente, lavei minhas mãos. Tudo bem que tenho TOC com mãos sujas, mas estar me contorcendo de nervoso por andar por aí com graxas debaixo das unhas não é de se estranhar, né?!

Ele pediu um Raio-X e lá fui eu, pulando feito uma perereca asiática pelo corredor a fora. Por algum motivo louco da minha mãe, ela não permitiu que eu me sentasse numa cadeira de rodas para poupar aquele esforço todo. No final das contas, pensei que teria que fazer um Raio-X da outra perna também, que já estava dolorida de tanto me apoiar.

Na sala para "bater chapa", chorei e gritei de dor. Não conseguia levantar a perna e ter que esticá-la era um martírio. Ah, mas pelo menos eu era a única chorando, já que as técnicas de radiologia morreram de rir do meu drama. Quando me puseram sentada, com o joelho dobrado bem de frente pra máquina, eu virei o rosto pro lado e fechei os olhos. A moça saiu de trás daquele "murinho" e, quando me viu, caiu na gargalhada. Com certeza a minha cara era muito engraçada. Um misto de dor e medo da - vejam vocês - radiação! "E se eu ficar cega com esses raios?!" Aí que ela se escangalhou de rir mesmo. Só passo vergonha, né?

Voltei pra sala do médico que fica absolutamente lindo de branco, que avaliou meus exames com um semblante igualmente indecifrável e preocupante, mas logo disse que não havia quebrado o joelho, mas apenas contundido. 

Igorando o fato de eu ser uma linda jovem de 19 anos, em pleno sábado e com N planos para o final de semana, o "dotô" me receitou uma singela "tala engessada no joelho", cinco dias de respouso e mais alguns remédinhos. Fala tu: muita sacanagem, né? Uma batidinha no joelho e lá se vai uma semana de férias e diversão. #todoschora
 
 
Já que tamo fodido, vamo fazer uma graça!
Mais uma vez saio frenéticamente pelo corredor - e que corredor! -, em direção à sala de imobilização. "Jéssica de Oliveira", grita uma voz feminina, abrindo a porta, me convidando a saltitar para dentro.
Entro com muito bom-humor, pois afinal, adiantava ficar puta da vida? Tava fodida mesmo, o melhor que podia fazer era dar risada da situação. 

Entrei e me sentei na maca. "Então né, vamos conversar... hoje é sábado, sacomé, que tal deixarmos isso pra segunda-feira, hein?", brinquei com a enfermeira. Ela riu, pegou a receita da mão da minha mãe e começou a tirar de dentro de um pequeno armário de vidro no canto da sala um número de ataduras e faixas de gesso que considerei um pouco exagerado. 

Após ter reunido todos os utensílios necessários, ela me mandou sentar na beidarinha da cama e flexionar meu joelho de modo a formar um "ângulo de 70°", que, obviamente, ela teve que demonstrar como eu teria que fazer.

Achei estranhíssimo. Perguntei como seria a tala e fiquei horrorizada quando ela me disse que seria do tornozelo até a coxa! "PUTA QUE PARIIIIIIIIIU!!!!". Não segurei, senhoras e senhores. Essas somos nós: eu e minha espontaneidade verbal. "Porra, hoje é sabádo!". Ela riu. Minha quase me tacou um banco na cabeça pelo palavrão tão depravado, mas a enfermeira levou na boa. Deve ter concordado. Contundir o joelho e acabar com uma tala engessada na perna toda é sacanagem demais mesmo!

Obviamente eu a enchi de perguntas. "Porque tem que ser na perna toda? Porque ás vezes só engessam até o joelho? Porque o joelho tem que estar dobrado em 70°? Pra que serve isso? Pra que serve aquilo?" Engraçado foi quando eu perguntei o que era certo material. "É algodão nanana, um tipo de algodão pra procedimentos hospitalares. Existe esse e o algodão lalala, que é o que a gente usa em casa", explicou. Eu, muito naturalmente e não prestando nenhum poucoa, soltei: "E TEM O ALGODÃO DOCE, NÉ?". Ela até se atrapalhou de tanto rir.

Doeu, gritei e choraminguei quando ela apertava em certos momentos. Mas nos divertimos. O nome dela é Rosangela, estava trabalhando desde às 7 da manhã e "se amarra num gelinho". Não perguntem. rs

Terminado o meu "pequeno curativo", pulo rapidamente para uma cadeira de rodas. Nem fodendo eu iria ficar saltitando com essa perna pesada e dolorida. Foi aí que descobri que confiar em minha mãe para dirigir uma cadeira de rosas é furada. Ela batia na barede com a lateral da cadeira, cambaleava e me fazia esbarrar a perna no chão. Eu ri, ela riu, os outros pacientes riram. Até o médico no fim do corredor riu. Fomos para a recepão onde esperaríamos meu primo ir nos buscar. Ficamos batendo papo com uma mulher e dois homens que estavam com uma bebê (Ana Clara, 1 ano e três meses, de Belford Roxo) que havia machucado o bracinho, coitada. Papo vai, papo vem, o cara, desfilando pela sala pisa no meu pé! Óbvio que ele pisou no pé esquerdo, o da perna engessada. O coitado quase chorou de culpa. Eu morri de rir, afinal, o que ra um peido pra quem já tava gagado?

Eu sei que depois desse episódio eu poderia dizer que fui pra casa feliz e alegre, recebi visitas e carinho da mamãe. NOT! Meu primo deu um chá de cadeira na gente. Esperamos bem uns 40 minutos. Quando ele chegou, minha mãe foi me empurrar na cadeira de rodas até o carro e quase me derrubou, porque a rodinha da frente agarrou e eu fui levemente lançada pra frente. #reflita

Desistimos da cadeira de rodas. Meu primo e minha mãe me apoiaram e fomos até o carro, onde sofremos muito para calcularmos a equação de como entrar sem quebrar de vez a perna.
Cheguei em casa e meu primo para me ajudar a subir a calçada, por pouquinho não levou um tombo. Na hora de entrar em casa, minha mãe e eu ficamos encarando um degrau, sem saber o que fazer. Choramos de rir. Ambas queríamos fazer xixi e morríamos de fome. Um verdadeiro drama mexicano. Quando eu saí de casa a tarde para buscar minha mãe, acreditava que voltaria com sacolas de supermercado, não com uma perna bichada, um receita de remédios e cinco dias de repouso, que foram deixados pra depois, pois minutos depois fomos para uma festa na casa da minha tia em Caxias, onde voltaríamos apenas no dia seguinte.

Masexistem males que vêm pro bem, né? antes eu estava passando minhas férias deitada, relaxando, lendo livros e comendo besteira. A diferenã agora é que eu posso pedir comidinhas na mãozinha, já que, afinal, preciso repousar minhas perninha machucada.

3 comentários:

  1. HAHAHAHAHA tadiinha de você, Dézinha ! Dá próxima vez manda a tua mãe ir de bivivleta pro mercado (: Melhoras minha linda!

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Déh