quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tantos corações


Ontem, quarta-feira, 23 de setembro, levei a minha vózinha ao cardiologista para uma consulta de rotina. Não me esforcei em acordar cedo, o que era necessário já que, apesar da consulta ser o olho da cara, o atendimento é feito por ordem de chegada. Mas tudo bem. Calculei ficar lá no máximo umas três horas (de 8hs às 11hs), mas como sempre, nada que eu planejo dá certo.

Quando eu cheguei no consultório que fica no 7° andar (destaque ao meu horror a elevador), me deparei com trocentas pessoas na minha frente. Homens, mulheres, velhinhas, jovens, crianças, além de que, na sala ao lado, atendem pediatras, obstetras e ginecologistas, o que fazia com que a sala se abarrotasse mais ainda de mulheres de todos os tipos, inclusive às com bebês.

Ah, os bebês! Que fofos! Menos na parte dos choros, escândalos, cocôs, xixis, papinhas melequentas, cheiro de golfo e coisas do gênero. Mas devo admitir: nada tira aquele ar "cuti-cuti" que eles têm. *-*


Tá, tá! Você deve estar se perguntando: "E daí? O que isso tem de mais?". Talvez nada. Até porque eu ainda não cheguei na parte importante. V
amos lá. Esta não foi a primeira - e espero que não tenha sido a última - vez que eu levei a minha vó ao famoso cardiologista Dr. Julio César Trintade (propaganda pro cara porque ele merece).

Todas as vezes é a mesma coisa: a gente chega cedo, sobe naquela caixa de metal tenebrosa, senta (
Ela senta. Eu como não tenho 65 anos nem sou gestante fico em pé! Na próxima vez que eu for lá, vou reclamar com o Dr. pra ele arrumar mais cadeiras! Minha coluna não tá mais aguentado!), troca uma idéia com a atendente, espera 80 horas, paga e espera mais 126 horas. Depois que nós cansamos de esperar, entramos para a sala do ecocardiograma, voltamos para a sala de espera (claro, ela se senta.) para ficarmos mais 379 horas e enfim, ele chama! Oh, Glória!

Aí uma pergunta deve pairar sobre a sua cabecinha: Por que demora tanto? Resposta: É porque o cara é foda! Ele trata o paciente com muito carinho e dedicação. Não é que tenham 100 pessoas na nossa frente, é que ele faz questão de só liberar o paciente quando tiver certeza que fez o máximo por ele. Afinal, é isso que todo médico deve fazer!

Mas ainda não é essa a questão. Acontece que, ontem eu fui esperta. Ao invés de ficar assistindo TV e tentando ouví-la (nem preciso explicar, né?) no consultório, eu decidi levar um livro! Olha que bom exemplo eu sou! O nome do livro é O Clube do Filme; muito bom, sabe? Depois faço uma postagem falando sobre ele. Mas o ressalte é que eu li metade do livro em pé (a outra metade eu ainda não li, tá! Só pra você ter uma noção)! Gente... tava braba a situação. Os meus pés e a minha coluna não tava mais aguentando! Socorroooo!!!!!!!!

Quando eu cansei de ler, eu só encostei na parede e fiquei ouvindo as conversas (ah, gente... foi mal, mas era inevitável). Meu, eu nunca tinha prestado atenção nesse tipo de coisa e hoje vejo que fui muito boba! Papo de consutório é muito louco!!

É cada um com uma história mais bizarra que a outra. Por exemplo: descobri que uma tal senhora, cujo nome me fugiu a memória ("Fugiu". Tá ligado, né?) tem um parente que mora com ela que não toma banho! A mulher tava com uma amiga e as duas simplesmente começaram a malhar o cara. "Ah, é que fulano fede mais que gambá! Eu falo 'vai tomar banho, seu fedido, mas ele não toma jeito'". Ninguém aguentava, né?

Todo mundo morreu de rir, principalmente a minha vó que não presta. E a velhinha continuou: "E acredita que ele reclama de mim? Logo de mim que sou cheirosinha! Ele fala que eu não paro de lavar roupa (blablablá). Mas ele disse que não lava roupa pra não gastar água". A outra moça, um pouco mais jovem: "Então é por isso que ele também não toma banho, né? Pra não gastar água!" Gente, tem noção disso: as duas "lavando roupa suja" em pleno consutório. Muito comédia...


E uma outra mulher, de uns 50 anos que chegou muuuuuuuito depois de mim que não parava de reclamar. "Ah, mas demora muito. Ah, mas nu
nca vi tanta gente. Ah, essas mães não controlam os filhos. Ah, essas crianças estão muito abusadas". Um nhe nhe nhê que não acabava. A mulher implicava até com a porta que batia! Tenha dó! "Os meus filhos sempre foram bem educados. Essas mães de hoje em dia não estão nem aí" (...) "Antigamente, as crianças nasciam e demoravam não sei quantos dias para abrir os olhos. Agora, eles já nascem com olhos arregalados, 15 dias depois já tem dente, daqui a pouco começam a falar palavrão, serem mal-criados..." A mulher com cara de budogue não parava de resmungar. E a história dos "bebês de hoje em dia". Como assim? Eles estão sofrendo mutações? Não tô entendendo. Então daqui há 15 anos quando eu tiver um bebê ele já vai nascer formado em Informática? o.O | Oh, God. Que medo!

Essas foram apenas exemplos das muitas histórias que rolaram naquele dia. Mas eu vou lembrar de apenas mais uma.


Havia uma senhora com cabelos curtos, lisos e bem branquinhos. Tão bonitinha, sabe? Depois de um tempo, pouco antes da minha vó ser atendida, chegou sua neta. Uma menina de 16 anos muito bonita também. Elas queriam saber se a menina podia entrar para conversar um pouco com o médico. Eu disse que ela podia entrar como acompanhante e lá, aproveitava para falar com o Dr. Julio.

A menina se afastou e sua vó me disse: "Ela está sentindo alterações nos batimentos cardíacos desde que seu pai morreu (filho dela, aparentemente). Ele caiu de andaime em um edifício. Coitada; tá sofrendo tanto. Eu também. Meu coração está doente de tristeza". Ela disse isso com um olhar que refletia todo o sofrimento que a envolvia, enquanto punha a mão no coração.



Talvez, a maior das dores não é aquela do corpo, mas da alma. Uma Arritmia, como é o caso da minha vó, é fácil de ser controlada, mas a tristeza e a dor que invade nosso coração ao perdermo quem amamos, essa sim, é muito difícil de curarmos.

De Déh. Feito de coração para você.

2 comentários:

  1. Amiga em todo lugar que tem muita tem e fila tem fofocas neh...
    Adoreiii aas duas valhinhas falando dos outros neh heheh
    E da menina nossa que triste neh
    e a "vó" dela e burrinha ne, a menina precisa de um psicologo , alguem que ela possa conversar e nao de um cardiologista aff *_*

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  2. Ai, Karlinha, só você, amiga!
    Beijos, lIndona.

    =*

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Déh