sábado, 22 de janeiro de 2011


A minha relação com Nova Iguaçu é de outros carnavais.
Quando eu era pequena, meu pai me convidava para passeios de bicicleta e nós passávamos a tarde toda pedalando devagar, sem um lugar certo pra onde ir. As nossas conversas eram sem palavras, apenas com imagens: as da cidade.

É engraçado com eu pude perceber a mudança, ora lenta, ora repentina, de Nova Iguaçu. Eu que sempre circulei por este território, acabei desenvolvendo uma mania de imaginar porque as coisas são daquele jeito, quem são as pessoas de rostos variados que via pelo caminho. Nesse meio tempo eu fui imbuída pelo espírito de repórter. Rsrs.

A cidade me atiça. As pessoas me atiçam. Eu olho pra elas com um olhar de curiosidade e até mesmo de contemplação. Pode até ser uma característica da profissão, mas acho que e o que se sobressai é o meu sentimento de pertencimento a este lugar.

Há tempos eu venho retratando a cidade e seus personagens, que não são melhores nem piores dos de nenhum outro lugar, mas seguem o clichê do “apenas diferentes”. E são mesmo. São peculiares pelo seu estilo de vida, pelo cotidiano de uma cidade que vem se desenvolvendo, pelas pessoas que lutam para abandonar a face “baixa” que se impregnou há anos. É peculiar pela sua belíssima história, pelos seus lindos muros, pela sua cultura e entretenimento, sua natureza, seu modo de vestir e agir. É peculiar pelos rostos que choram na porta de hospitais lotados, pelas ruas ainda esburacadas, pelo crime que assombra cidadãos de bens. Mas é a minha cidade e eu falo dela com  muita propriedade. Olho para as pessoas e enxergo um poço de histórias a serem contadas e logo, eu as reproduzo para o mundo.

Hoje o centro está voltando seus olhos e ouvidos para as margens. O centro vira periferia e a periferia vira centro. Mas eu acredito que a voz da periferia tem que partir dela mesmo, que conhece como a palma de sua mão o lugar de onde vem.

2 comentários:

  1. "A periferia vira centro e o centro vira periferia." Conheço essa fala, hein! rs

    Texto massa.

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Déh