Ser repórter

Cara, as vezes eu me revolto. O povo acha que, por eu ser repórter e trabalhar na SEMCTUR, eu sou obrigada a conhecer toda a classe artística brasileira. E eu não só tenho que saber quem é a pessoa, mas como saber de toda a sua vida, seus trabalhos, de onde é, rg, cpf e tipo sanguinio. Porra!

-Você conhece o escritor X?

-Não...

-Isso depõe contra você.

Tomá no cú! Eu trabalho, estudo, cuido das paradas da igreja e ainda me preocupo em manter uma vida social em dia e um namoro de quase dois anos vivo. Porra, ultimamente eu só tenho lido e-mail, parceiro!

-Eu tô trabalhando com o artista Y - claro, você conhece, né?

Eu penso: "vai a merda, porra, sou obrigada a conhecer o Brasil todo, não!"

Eu respondo: "um pouco"

-Então você sabe qual foi o último trabalho dele?

-Não, mas...

-Ah, já vi que você realmente não conhece o cara.

Prece: Papi, me dê paciência, porque com um pouco de força eu mato esse sujeito!

Sem contar que, ai de mim não saber de filmes e músicas. É isso aí, cumpade, EU NÃO ASSISTI CASA BLANCA, nem sei quantos álbuns o Chico Buarque lançou! Repito: meu tempo é mais curto que saia de funkeira, assistir filmes e ficar antenada em Deus e no mundo é difícil! E você acha que os artistas aliviam, que eles não se importam se você não sabe da fulaninha de tal tá sendo totalmente underground? Engano seu, meu bem. Eles te olham como se você fosse o cocô do cavalo do bandido e resolvem te dar uma aula bizarra sobre o assunto. E não pensei, entretanto, que eles fazem isso pra você aprender, porque na verdade, eles querem é mostrar que sabem.

Pseudo artista é tudo narcisista. Eu os amo, mas os odeio. Uma relação meio estranha.

Mas que eu tô revoltada, ah, eu tô.

P.S.: Tô sentindo que vou conquistar inimizades com esse post.