No momento em que escrevo isso, são 21horas e 48 minutos. Acabo de chegar da casa da Hosana. Nós voltamos juntas da Casa de Cultura em Nova Iguaçu, após de um mero dia de trabalho e fomos para casa dela lanchar e produzir um texto. Apenas lanchamos, fofocamos e rimos muito; nada de texto. No momento em que eu deveria estar refazendo uma postagem para o Cultura NI (por ventura, ela foi deletada quando estava quase pronta) eu estou escrevendo umas linhas para contar como foi as minhas últimas 24 horas. Todos que acompanham o meu blog sabem o que aconteceu, pois bem. Darei continuidade a minha saga para que ninguém fique com um gostinho de “e aí?” na boca.
Vejamos... parei na parte em que eu o esperava no portão da escola. Estava ansiosérrima! De repente, o telefone toca. Era ele me dizendo que não iria me buscar. Eu insisti, dizendo que precisava conversar com ele, afinal, eu não estava engolindo aquela história toda. Pasmem (ou não): fui até a casa dele. Ele não estava. No momento exato em que a mãe dele me dizia que ele havia saído, o dito cujo me liga e pede que eu vá em direção a tal lugar. Nossa, foi a coisa mais decepcionante da minha vida. Ele riu pra mim, não me abraçou, tampouco me beijou. Perguntou apenas se eu toparia ir em Nova Iguaçu para andar e conversar sem “encontrar conhecidos”. Sim, vamos. Não fomos. Nos sentamos em uma calçada em uma rua que não faz parte de nossa rota rotineira. “Você acha que nós temos chances de voltar?”. Que pergunta estúpida foi aquela que ele me fez? Eu sabia perfeitamente o que eu sentia e queria; o confuso ali era ele! “Quem tem que saber é você”, disse. Eu descarreguei tudo o que eu tinha. Disse tudo. Disse que não entendia o fim do nosso namoro, que o amava, que estava disposta a ajudá-lo em qualquer coisa... No final ele disse “Acabou, Jéssica. Não me procure por um tempo”. .... Não acreditei. Foi então naquele momento que eu percebi que, quando se ama, mas se ama de verdade, a gente perde a noção do rídiculo. Eu praticamente implorei. Podem pensar que fui boba, que dei muito ibope, mas o que realmente fiz foi ser sincera. Eu não queria desperdiçar tudo o que nós fizemos um pelo o outro. Ele pegou na minha mão e disse: “Chega. Acabou. Espero que um dia você me perdoe”. E entrou em uma rua enquanto eu fiquei parada olhando ele se afastar.
Não fui pra casa. Bati na porta do Fernando e, em segredo entrei, mesmo sabendo que os meus pais não aprovariam. Peço desculpas pela mentira, mas precisava chorar; mais que isso: precisava de um amigo para abraçar. Na noite anterior, foi o Nando quem me deu colo, por mais breve que tenha sido. Ontem, eu precisava dele. O Fernando foi excepcional. Me acolheu de coração aberto e me disse o que eu precisava ouvir: a verdade. Mas não foi uma verdade destruidora, foi uma verdade confortadora. Ele me ajudou muito. Conversamos sobre o Giuseppe, de como ele estava com problemas e o quanto ele precisava de um tempo e de minha compreensão e eu dei. Mas, embora eu estivesse disposta a dar-lhe espaço, eu tinha medo, porque ele me disse para não esperá-lo.
Entrei em casa. Não comi nada. A Hosana já estava sabendo. Ela me ligou e perguntou se podia me visitar. Claro que podia, mas ia demorar. Eu ainda chorava. Liguei para o Fernando. “Não estou aguentando; dói muito”. Ele me convenceu a sair de casa para ir tomar um sorvete. Acabei aceitando. Por pouco tempo, me conformei, superei – não esqueci!- e me distraí conversando sobre outros assuntos. Então me lembrei que precisava sacar uma quantia no banco, mas a parte ruim é que quem sabe a minha senha é ele. Não tive escolha. Fomos os três - Nando, Sana, que nos encontrou, e eu. O Giuseppe abraçou o Nando, beijou a Sana no rosto e ofereceu seu rosto para que eu beijasse. Não aguentei! “Não quero te beijar”, disse. Ter revisto o Giuseppe destruiu mais ainda o meu dia. Destruiu todo o “bom trabalho” que o Fernando fez.
Voltei para casa. Contei tudo para a minha amada Hosana que me ouviu e me aconselhou. Chorei mais que antes. Minha cabeça doía. Meus olhos ardiam. Meu corpo não aguentava a fome e a exaustão causada por uma noite mal dormida e por um dia sofrido. Não consegui comer. Apenas quis dormir e tentar esquecer. Minha mãe chegou em casa, e assim que abri os olhos (não era muito tarde) chorei. Chorei como uma criancinha. Chorei de doer. Minha mãe já começara a se desesperar. Me convenceu a ligar pra ele. Liguei e disse muita coisa. Disse que entendia o que ele estava sentindo, que compreendia a razão pra ele se afastar de mim, disse que não desistiria dele – ou de nós – disse que daria um tempo... Conversamos por muito tempo. Aí, ele me disse pra não esperá-lo. Disse isso pouco depois de revelar que eu o estava irritando. Numa facada final, disse “É isso, Jéssica, acabou”. Ponto final. “Boa noite. Não te incomodarei mais”, me despedi.
Hoje, sábado, 24 de outubro de 2009, acordei bem. Surpreendentemente bem. Não nego que sonhei com ele a noite toda, mas me sentia leve, como se tivesse tirado um peso de minhas costas. Talvez porque eu já tivesse obtido a minha resposta final. Quando fui à drogaria que fica em frente a casa dele, não senti vontade de vê-lo. Me sentia... não sei como devo chamar.
Ignorando alguns acontecimentos corriqueiros da minha manhã, irei a parte que importa. A Hosana passou aqui para irmos juntas trabalhar. Estava bem, sabe? Tranquila. Foi então que a minha mãe me liga dizendo que me encontrava no Espaço Cultural com uma surpresa. Odeio surpresas. Fui “ao seu encontro” embora fosse inevitável já que estava indo trabalhar. Encurtando a história. Era ele, não ela. “Preciso conversar com você”. Apenas ouvi. Ele disse que foi procurar a minha mãe para conversar e contar tudo o que sentia e que estava acontecendo. Conclusão: ele enfim percebeu que o problema não era eu, mas sim os outros problemas que a vida nos traz. “É claro que eu te perdoo”, respondi. Ele pediu outra chance e disse que também me dava uma. Eu aceitei, óbvio. Agora, segundo ele, nós vamos ter um novo recomeço. Todas as lembranças serão vagas e remotas; talvez até deletadas para dar espaço ao novo que está por vir. “Você me ama?” foi uma das poucas coisas que consegui dizer. “Muito!”, me disse com sinceridade.
Então percebi que todas as lágrimas que chorei, todas as dores que senti, todos os pedidos de perdão e segundas, terceiras, vigésimas chances que pedi não foram em vão. Percebi que tudo que eu fiz não foi besteira, mas sim verdadeiramente proveitoso. Mostrei a ele o quanto eu o apoiava e o quanto eu o amava. Nem por um instante eu deixei de amá-lo. Nem por um segundo sequer eu deixei de pensar nele, fosse o que fosse. Por isso, eu senti que precisava falar e mostrar que nada no mundo me faria desistir. A minha verdade, aquela que eu acreditei fielmente, que dizia respeito à impossibilidade dele deixar de me amar de uma hora para outra, era real. Eu soube desde o início o quanto ele estava sofrendo com seus conflitos internos, mas ele não tinha o direito de me expulsar de sua vida. Eu não me deixei ser expulsa. Felizmente, ele percebeu que superar todos os problemas comigo é bem melhor que enfrentar sozinho.
Talvez eu tenha amado de mais. Talvez ele me fará ter outros dias horríveis como o de ontem. Mas e daí? Eu tenho ao meu favor a minha característica de ser extremamente persistente. Não importa o quanto eu chorei, não importa o quanto sofri, o quanto doeu, o quanto me expus e me humilhei. O que importa é que nós dois sabemos que nos amamos.
Finalizo aqui, às 23 horas e 07 minutos do dia 24 de outubro de 2009, a história de uma parte dolorosa de minha vida. Amanhã, é um novo dia. E o melhor é que ele estará ao meu lado.
P.S.: Agradeço o apoio que recebi de meus amigos. Muito obrigada e me perdoem por toda e qualquer coisa. Amo vocês.