segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pra quê homem?

- Nando, vai embora não! Me faz companhia enquanto pinto as unhas.
- Mas eu preciso ir emb...
- Não! É superrápido!
- Tá...
- Olha, que esmalte você acha legal? Tenho o Hippie Chic, o Invejável, o Café Italiano, o Jeans e o Rosa Antigo. Adoro essas cores da Colorama!
- Ah... esse Jeans é bonito...
- NÃO! Estava com ele outro dia mesmo. Escolhe outro.
- Então esse...
- O Rosa Antigo também não! Gosto muito, mas é outro que sempre uso.
- O Café Italiano! Esse é bem bonito!
- Café? Amanhã eu vou ao circo! Como eu vou aparecer lá com uma unha tão séria? O que o palhaço vai pensar de mim? Não, Café Italiano não...
- Aff! Então...
- Ah, vou pintar com o Hippie Chic mesmo!
- PORRA, PRA QUE VOCÊ PEDIU MINHA OPINIÃO SE JÁ SABIA COM QUAL PINTAR? PRA VER SE EU ADIVINHO SEU PENSAMENTO?!
- hahahahaha é...

Ah, gente, vamos combinar, né? Pra quê a opinião de homem?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

No final das contas nós não temos sequer o direito de exigir nada de ninguém. O máximo que podemos fazer é deixar que as pessoas nos dê aquilo que merecemos receber.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dieta djá!


CALMA, GALERA! Antes que algum engraçadinho faça o célebre comentário sobre dieta para uma pessoa magra como eu, explico logo que minha dieta tem a ver com fechar a boca sim, mas é um pouco diferente.

Como já ficou claro, não tenho problemas com comida, com o que "entra" (oooooooolha, rs) em mim. Meu problema é o que sai. Essa minha carinha de "boneca", delicadinha e cheia frescurete na verdade esconde um pedreiro grosso que só sabe falar merda. Eita... olha o problema aí.

Isso mesmo, pessoal: palavrão. É foda...
Sou muito desbocada. Falo palavrão com muita naturalidade, sem pensar. Ela já está inerente ao meu vocabulário, é como se fossem "vírgulas ou pontos de exclamações" de minhas frases, como bem dizia aquela dupla de humoristas.

A verdade é que eu não costumo achar palavrões falta de educação ou mesmo ofensas. Obviamente, eles são em determinadas ocasiões. Raramente você me verá falando palavrões e/ou xingando alguém enquanto estou no meio de uma discussão séria. Isso só acontece quando eu estou realmente muito irritada e mesmo assim só saem palavrões "leves" como "foda-se" (não para a pessoa).

Palavrão, pra mim, é força de expressão, espontaneidade. A gente tropeça e fala um palvrão. A gente vê uma coisa muito maneira na rua e fala um palavrão. A gente se depara com alguma coisa muito ruim e fala palavrão. A gente se assusta e fala palavrão. Tem palavrão pra tudo, ora bolas! Eu até penso palavrão. "Que fulha da puta bonita!" ou "Caralho, tô muito fodida...". E é tudo, como disse, natural.

Mas eu exagero. O fato de eu achar comum e banal não quer dizer que o resto da sociedade também acha um "puta que pariu" comum e banal. Até porque ele não é, eu é que naturalizo muito isso tudo. 
E além disso, também acabo sendo um exemplo ruim a ser seguido. 

Quando eu conheci o Giuseppe, ele não falava palavrão. Quando terminamos, a boca dele já tava mais suja que banheiro da Central. rs A Hosana também. Ela não tem exemplos palavrudos em casa - eu tenho! Minha vó sempre soltou um ou outro por aqui, rs. Véia safada! -, mas fala uns palavrões bem "feinhos" para uma mocinha que, certamente aprendeu comigo. Não que ela seja influenciável, mas eu digo palavrões de maneiras despretenciosas, quase cômicas. Eles compõem minhas frases, ajudando a preencher lacunas e dar ênfase. Nada demais. Não é de se estranhar que alguém perceba essa "casualidade verbal" e a insira em seu próprio vocabuilário.

O foda (!!!) é que meu irmão caçula, de 12 anos, vai pelo mesmo caminho que eu. Nada contra, afinal, o que eu posso dizer? Só complica porque ele não tem discernimento suficiente para entender que quando se fala um palavrão sem pudores como eu, é necessário saber quem está a sua volta, afinal, não são todos que aprovam esse tipo de comportamento. Entretanto, o mais importante é reconhecer a hora de falar. Soltar um "vai tomar no cu" enquanto se está numa conversa informal e relaxa com amigos, é diferente de mandar alguém tomar no cu quando se está no meio de uma briga séria. E ele não sabe disso ainda. 

É complicaodo e demorado fazê-lo entender, mas um dia a gente chega lá. MAs por via das dúvidas, vou fazer uma dietinha, afinal, não preciso falar tantos palavrões assim. Assusta as pessoas, me deixa feia aos olhos de pessoas que quero que me vejam bonita. Infelizmente, por vezes, me tira o respeito e isso não é nem um pouco agradável, não é mesmo?

Então vamos lá? Vamos prestar atenção ao que eu falo, escrevo e até mesmo penso, porque de nada adianta segurar no último milésimo de segundo um "cacete" e pensar coisas piores. Nossas palavras começam dentro de nossas cabeças, poxa vida. Dizê-las é apenas o final do processo, a última e irreversível parte. Quero não só uma boca menos suja, mas uma mente também mais limpinha.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O café

"Naquela manhã, o café era quente e os pães, macios. As velhas vidraças permaneciam embaçadas e os beirais de suas janelas ainda guardavam a poeira que insistia em fazer morada naquele ambiente tão distinto. Os bules eram lustrosos em cerâmica de cores e tamanhos variados, despretenciosamente dispostos sobre a gelada mesa de mármore que, por sua vez, fazia trio com duas velhas cadeiras de madeira maciça. Nada mudou depois da manhã de uma data já esquecida, quando a primeira xícara de café fora servida. Tudo está como era desde o princípio. A decoração se mantinha da mesma forma que o dono, um snehor cuja história pouco se sabe, um dia idealizou. Ou não. Talvez cada item que compunha aquele cenário fora alocado de maneira desproposital e ingênua.
 
No interior da loja, o espaço ainda era tomado pela sonolência e preguiça das primeiras horas do dia de todos que a visitavam religiosamente para dejejuar. Naquela pequena constução de poucos metros quadrados, o abajour, herança de não se sabe quem ao pouco afamado proprietário do lugar, se funde às mesmas luzes que emanam de cada cliente. Discretamente, toma seu lugar num canto qualquer para dar um pouco de cor de vivacidade às conversas despretenciosas. É certamente ali que se encontram as moças solteiras à procura de rapazes e casais fadados á rotina diária de sentarem frente um ao outro e conversarem sobre o nada. repetidamente, dia após dia, como se fosse a pintura em um velho quadro."


Texto produzido na oficina "O Escritor Como Guia" com a escritora Tatiana Salen Levy. A atividade era escrever um texto que iniciasse um romance, baseado em um quadro. Saiu isso aí. rs
São João de Meriti, 10 de agosto de 2011
Por Jéssica Oliveira