quarta-feira, 27 de julho de 2011

A confiabilidade do horóscopo


Como boa cristã que sou, vejo meu HORÓSCOPO diariamente. É uma sem-vergonhice só, eu sei.
Daí que hoje, mais que em qualquer outro dia, o horóscopo para pessoas de touro (eu!) me chamou muita atenção.

Costumo sempre visitar dois sites para ver o que os astros reservam para mim: UOL e Capricho (o design deles é lindo! Adoro aquele tourinho roxo).

Hoje o horóscopo da UOL foi categórico e já chegou me colocando mais pra baixo do que eu já estou:


"Importante lidar com paciência com seu orçamento e manter a cabeça fria com dinheiro em geral. Adie decisões que possam comprometer sua segurança material. Escolha o alvo e as palavras com seus clientes, parceiros e amigos. Amor em baixa."

Poooorra! Começar o dia com o aviso prévio de que tô com o amor em baixa é ou não é bom demais?

Agora se liga no que diz o site da Capricho:


"Este é um ótimo momento para ir às compras, taurina. Você está com uma lábia daquelas e será capaz de fazer altos negócios, pechinchar horrores e conseguir descontos incríveis. No amor, a palavra de ordem é comunicação. Expresse seus sentimentos! Nas amizades, cuidado com pessoas fofoqueiras, fique de olho. Para curtir sua última semana de férias, gaste um pouquinho de dinheiro!"

Gastar um pouquinho de dinheiro? Qual dinheiro?! Alguém avisa pra eles que estamos no final do mês, por favor?! E se prestarem atenção, vão ver que o horóscopo da UOL diz justamente o contrário quando o assunto é grana.

Astros, seus lindos, resolvam-se!!!

E agora José?

Cadê aquele silêncio pra nos fazer pensar quando a gente precisa dele?
E não me refiro ao "silêncio no recinto", não. Tô falando do calar interior, que me faz ouvir a mim mesma.  Cadê? Cadê que meus pensamentos colaboram e resolvem andar no mesmo passo que meu coração?

Acho que preciso ficar um pouco sozinha. Contemplando a minha própria companhia.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O prazer de comer

Sem trocadilhos, hein. rs 

Ah, gente, vamos combinar? Comer é muito bom!
Eu sou uma alegre comilona de marca maior, mas infelizmente não sou boa na cozinha; só entro pra lavar a louça - e pra comer, obviamente.

Daí que outro dia eu tava comentando com um amigo que existem comidas que fazem mal ao corpo, mas superfazem bem à alma. E não, não estou falando de luz e água porque não sou nenhuma planta monja. Tô falando de comer besteira e não vou nem entrar no mérito de citá-las porque, com certeza, você sabe bem do que eu tô falando.

Nessas férias eu resolvi ler "Comer, Rezar, Amar" para me desintoxicar. Não tava aguentando mais ler aqueles textos acadêmicos chatérrimos da faculdade para fazer prova, trabalhos, seminários... Ai! Peguei o livro emprestado com uma amiga e estou me deliciando com cada palavrinha daquele diário muito bem escrito sobre "a busca de uma mulher por todas as coisas da vida". A começar pelo prazer que só a culinária pode lhe oferecer.

Okay, não sou nenhuma Edu Guedes, toda trabalhada em pratos finos e receitas megaelaboradas. Pra mim, um feijãozinho bem temperado já me ganha. rs Uma vez me disseram que eu na gastronomia sou uma "pedreira", como qualquer coisa felizona. E é sério! Comida não precisa ter nome francês, ingredientes do sul da Itália e temperos do interior da Mongólia. Comida tem que ser simplesmente gostosa, que me faça soltar um "hummmm" na primeira garfada e pense no quão alegres e bem-vindas são calorias que estou ingerindo.

No livro, a escritora-personagem conta que estava passando por um período muito difícil, então largou tudo e foi morar na Itália em busca do prazer e da auto-estima (estou sendo sucinta). Ela encontrou essas duas coisinhas através do belíssimo idioma e da maravilhosa culinária. O que prova a nossa teoria (hãm?) de que comida resolve tudo! A própria afirma ter engordado os 11Kg mais felizes de sua vida, 11Kg de puro prazer!

Definitivamente comer é uma atividade muito prazeirosa. Fico com dó da galera que precisa seguir dietas para emagrecer e tal. Deve ser péssimo ter que calcular cada caloriasinha comida, sempre atento às informações nutricionais. Eu não quero saber das informações nutricionais! Não quero saber se tem mais gorduras e carboidratos num lindo prato de macarronada do que eu posso comer. Foda-se se o refrigerante vai deixar minha bunda branca cheia de celulites (okay, apaga essa parte aí. Exagerei bonito! Celulite não! rs).

segunda-feira, 25 de julho de 2011

#Como ter um sábado premiado

Fazendo pose pra mamãe

 O celular toca. Minha mãe avisa que está pegando o ônibus e pede que eu a encontre no ponto para ajudá-la com umas sacolinhas de compras, pois devido a tendinite, não pode pegar peso.
Paro de varrer o quarto da minha vó que está passando uns dias na casa da minha tia em Caxias e me preparo para sair. Visto uma bermuda jens, um casaco de moletom, solto o cabelo, pego a bicicleta do meu irmão e vou para a rua.

O ponto de ônibus não é tão distante. Saio da minha rua e sigo por uma outra bem estreita. No final dessa ruela, existe uma pequena rampa, então pego impulso para não precisar descer da bike para subí-la. Nesse pequeno esforço, quando estou no meio da subida, a corrente da bicicleta sai. A força que eu fazia, fez com que minha perna direita pedalasse pra baixo, impulsionando a esquerda para cima, que encontrou em cheio o ferro do quadro da bicicleta. Ai!!

Perdi as forças, cai pro lado, me apoiando na parede, choramingando de dor. Opa! Um pequeno corte. Ai, que dor! Meu joelho ficou vermelho e, em seguida, roxo. Dor, dor, dor, dor! Gritei quando estiquei a perna e chorei quando tentei pisar no chão. 

"Okay, pessoas, podem apenas olhar meu sofrimento! Continuem passando, bebendo cerveja na birosca. Tô aqui pra divertí-los". Uma senhorinha passou e comentou: "caiu, minha filha?" e foi andando, como se pouco importasse a resposta. "Ah, vai pra porra! Não caí, não, mas meu joelho tá doendo muito!". Tá, só pensei. Me contive em dizer apenas que bati forte o joelho. Nem sei se ouviu; como disse, ela saiu andando.

Caramba e agora? Não posso deixar minha mãe com aquelas sacolas lá! Meu irmão tá com o pé bichado e não pode sair de casa. "Te vira, Jéssica". Subi urrando de dor na bicicleta e quase caí de novo. "tonta, saiu a corrente, lembra?". Sujei minhas lindas unhas (que tinham visitado a manicure no dia anterior) com a graxa da corrente - porque, obviamente, todos os cavalheiros estavam extremamente ocupados bebendo e me observando - e fui pedalando meio que numa perna só. 

Quando cheguei, minha mãe já estava me esperando. Contei pra ela o que tinha acontecido e abri o berreiro! Incrível como minha mãe tem o poder de me fazer soltar choro reprimido. Mãe, né? Um dia eu entendo.

Ela foi pra casa levar as compras - e a bicicleta - enquanto eu permaneci no ponto de ônibus chorando de dor, descabelada, com dedos sujos de graxa, casaco roubado do meu irmão e puta com o universo, que cagou e andou pro meu momento de dificuldade.
Até que um estranho de bicicleta para bem na minha frente e pergunta se eu queria ajuda pra ir pra casa, pois tinha visto que eu havia machucado o pé. Deve ter sido quando encontrei com minha mãe e fui mancando até o ponto do outro lado da rua. Rapidamente o observei e senti que ele estava sendo sincero, mas também não pude deixar de notar que a bicicletinha laranja dele não teria como me carregar. Ainda assim sorri muito verdadeiramente e agradeci, explicando-lhe que minha mãe havia ido em casa para buscar meu cartão do plano de saúde e me levaria até o hospital.

"Tá bom, universo, essa valeu"

quinta-feira, 21 de julho de 2011

almas incompatíveis?

Não sei se é só comigo, mas você já esteve na presença de certas pessoas que parecem sugar as suas energias?

É estranho. Sabe aquela sensação de "santo que não bate"? É mais que isso, porque, geralmente, quando nosso santo não bate com a de outra pessoa, nos damos mal, brigamos e etc. Não chega a rolar desentendimentos, mas parece que a pessoa tira você de si, te desnaturaliza. 

Existem pessoas que do nada, sem papo, sem você nunca ter visto, te deixa superavontade, como se ela soubesse axatamente o quê e como fazer para você ficar bem, sem esforços pra socializar, você sendo você mesmo. Mas infelizmente existem exatamente o oposto.

Não é uma questão proposital. Parace que as essencias se chocam e uma acaba "ganhando" uma disputa imaginária de personalidade, dominando o ambiente, fazendo que, involuntariamente, outra perca sua força. De boa? Chego a me sentir mal, desconfortável, sufocada. Literalmente sem energia.

Ok, me chamem de louca! Não sei mesmo se o que estou dizendo faz sentido, mas é o que sinto. Será que tá dando pra entender? Eu acho estranhíssimo quando me sinto desconfortável na presença de alguém que é, a olhos vistos, uma pessoa bacana. Mas não pra mim.

E tenho uma lista razoavelmente grande de pessoas que me fazem sentir assim. Não entendo.
Não é uma questão de "ah, é porque você não conhece a pessoa" porque eu já me dei superbem com inúmeras pessoas de cara, só de olhar. 

Freud explica?

terça-feira, 12 de julho de 2011

sobre paixões

            Você já se apaixonou? Quando se está apaixonado por alguém, seus olhos brilham apenas ao ouvir o nome da pessoa amada. Uma vibração estranha invade seu corpo quando ouve sua voz, quando vê seu nome na tela do celular enquanto toca a música que você reservou com tanto carinho para aquele contato. Nada é banal quando se está apaixonado. Cada conversa pode durar intermináveis horas, ainda que o assunto em questão seja o mais tolo de todos.
            Engana-se, porém, aquele que pensa que a paixão está unicamente relacionada à dois corpos. Paixão não está relacionada apenas ao desejo físico. A paixão deve estar entrelaçada na vida como um todo. Apaixonado – e por consequência, feliz - é aquele que consegue fazer com que atividades simples e banais do dia-a-dia se tornem magníficas e esplendorosas.

            Lembro de minha infância, quando minha mãe torcia para que eu fosse médica quando crescesse. Seu maior sonho era me ver vestida de branco, cuidando da saúde de crianças, da mesma forma com que via, admirada, as médicas cuidarem de mim. Coitada. Será que ela não percebia o quanto eu detestava aquele ambiente? Não percebia que minha única consolação nos dias de consulta era conversar com os outros pacientes na sala de espera? Não posso acreditar que minha própria mãe não notava meus olhos brilhando enquanto alguém me contava uma história - qualquer que fosse -para distrair a pobre menininha louca para voltar para casa.
            E até hoje meus olhos brilham. E sei que minha mãe também sente algo intenso dentro de si quando termina de bordar as inúmeras pérolas em um vestido de noiva e vê os olhos de uma jovem moça brilharem ao olhar seu reflexo no espelho. Eu sei por que nós três dividimos o mesmo sentimento, ainda que empregados de formas diferentes.
            Da mesma forma com que minha mãe, ainda que com o punho esquerdo sempre dolorido devido os mais de 15 anos dedicados à profissão, enfeita delicada e cuidadosamente o traje mais importante que uma mulher pode vestir, me ensinaram a ouvir cada história como se fosse a última a que eu pudesse me deleitar.
            Ela sempre choraminga de dor. Dói a tendinite que a impede de muitas fezes segurar uma garrafa de refrigerante. Mas suas palavras nunca mudam quando pergunto por que não larga a vida dos bordados: “eu amo muito o que faço”, diz olhando nos meus olhos.

            Cada noiva é única para minha mãe, ainda que o vestido alugado seja o mesmo. Assim somos nós, aspirantes a jornalistas. Nenhuma história é igual à outra. Nenhuma marca, nenhuma cicatriz, nenhuma lágrima, nenhum sorriso. Ninguém é igual a ninguém. A forma de lidarmos com essas diferenças não vem descrita em nenhum manual. Dia após dia, minha mãe descobre um novo bordado e eu, uma nova forma de reportar a vida de alguém.

            Pela vida de minha mãe, passaram patroas e amigas que a ajudaram a desenvolver sua arte. Pela minha, ouve, em especial, um mestre. Não me esqueço de suas palavras: “você nasceu para escrever”. Se foi pra isso que eu nasci, ainda não sei. Mas sei que quando o faço, sinto borbulhar algo forte, que me pressiona até que eu acabe de escrever. Aquela frase despertou em mim uma paixão adormecida. E desde então, aquela mesma voz vem me ajudando a nutrir e desenvolver esse sentimento. A mesma paixão que me arrebata quando alguém escreve em mim sua história através de palavras ditas e gravadas em meu pequeno gravador e em minha memória.
            E essa experiência não é exclusividade minha e de minha mãe. Não é algo que ela me transmitiu pelos genes. Existe uma paixão em cada um de nós que nos faz capazes de tornar algo diferente de tudo o que possa parecer se assemelhar. E o fazemos de tantas a tantas formas. Escrevendo textos secretos, compondo raps impactantes, adornando vestidos brancos, vestindo camisas vermelhas e pretas. São paixões que borbulham. São sentidos, sentimentos e sensações que nos arrebatam e nos transformam em indivíduos, não em números. E nós, por vez, individualizamos o que possa simbolizar nossas paixões.
            Essas palavras podem até parecer copiadas de algum livro de auto-ajuda perdido numa estante empoeirada de um sebo. Que pareçam, então. Mas você há de concordar que, sem paixão, não se chupa  nem um picolé.